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A Rotina Massacrante


Você está Cansado De Carregar Pedras?

Sim, eu estou cansado de carregar pedras e venho dizer as razões e porque esta pergunta pintou aqui no meu Blog.

Inicialmente venho compartilhar uma conversa que tive com a minha mãe, uma senhora de origem humilde, de uma sabedoria invejável. Sempre trabalhou muito, incansavelmente, e ainda exala energia para dar e vender, não perde uma oportunidade para fazer piada, rir e “mangar” das coisas da vida, como ela mesma diz.

Estávamos curtindo um saboroso café, feito religiosamente lá pelas quatro horas da tarde. Sempre que posso, desfruto dessa trindade santa: o café, a companhia e a conversa reconfortante. É um momento sagrado, pois que sagrado é tudo aquilo feito com amor, com o objetivo de celebrar a vida.

Tem uma cadeira reservada para mim e outra para ela, próximas a um ventilador, porque o calor às vezes é intenso. Tudo segue um ritual espontâneo, não programado, não explicitado, mas digno de um chá londrino.

De vez em quando contamos com a participação especial das minhas irmãs e de um sobrinho. Este, atento a tudo e ouvido esperto, não prova do café, mas não deixa escapar a oportunidade do aprendizado. O brilho do seu olhar o denuncia.

E, de repente, o telefone toca. Uma voz distante fala de uma vida que ficou parada no tempo. Um parente há muito esquecido traz informações de um cotidiano agora estranho e até incompreendido.

Minha mãe, após desligar o telefone, relata uma história de mesmice, repetições de queixas e de lutas inacabadas, testemunhos de fé e ao mesmo tempo de desesperança – “A vida é mesmo assim!”, concluiu o inesperado visitante.

De súbito, fui surpreendido com a pergunta: Por que tem gente que não se cansa de carregar pedras?

Não havia críticas nem julgamentos na pergunta. Apenas um espaço, entre um gole e outro de um estimulante café, para uma reflexão motivadora.

Lembrei de Sísifo, um personagem da mitologia grega que era considerado o mais astuto de todos os mortais. Mestre da malícia e dos truques, ele entrou para a tradição como um dos maiores ofensores dos deuses.

Amante da vida menosprezava os deuses e a morte. A sua insolência lhe custou o terrível castigo de realizar um trabalho sem esperança: repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra grande de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida.

Um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade. Do nascer ao por do sol, dia e noite, noite e dia, uma repetição monótona e interminável através dos tempos. Uma vida dedicada ao inferno de uma trágica condenação de estar empregado em algo que não leva a nada.

Foi a condenação dos deuses que mantinha Sísifo em sua árdua rotina ou seus grilhões estavam na sua mente viciada, visão estreita, ou no sentimento de culpa?

Não estava Sísifo preso aos modelos mentais induzidos pelos deuses, que lhe faziam crer da impossibilidade de se revoltar também contra o mito que lhe foi imposto?

O Mito de Sísifo foi criado com uma finalidade pedagógica. Sempre estará à disposição de quem quiser compreendê-lo, convidando a uma reflexão sobre nossos dias, sobre a busca do significado da vida.

É possível que o nosso dia a dia seja feito de carregar pedras, ou quem sabe, que a nossa vida tenha se transformado na própria pedra, que sejamos parte desse rochedo opressor. Mas o nascer do sol traz consigo a possibilidade de um novo dia. Basta que para isso aceitemos o desafio de planejarmos um novo por do sol, idealizando novos sonhos, definindo metas e objetivos claros para uma nova existência.

Podemos dinamitar as pedras com a nossa força de vontade, com determinação, com a constante busca do conhecimento, com o melhoramento pessoal e profissional, com o fortalecimento da fé e da esperança.

Depois de ouvir a história de Sísifo, minha mãe soltou uma sonora gargalhada e, sorvendo um derradeiro gole de café, disse: “Mas é muito besta mesmo! Há muito que eu teria deixado essa pedra lá embaixo e teria ido viver a minha vida.”

Despedi-me, e como de hábito, segui para mais uma noite.

Porém, Sísifo já não era o mesmo para mim. Eu também, de alguma maneira estava diferente. Tenha Um Dia Maravilhoso De Sucesso!

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